Brasil faz parceria e ensina francês grátis. Maravilha! Mas e o português?

timthumb.phpQuando é que o governo brasileiro vai se empenhar no ensino da língua portuguesa pelo mundo? A pergunta me veio à cabeça depois de pensar no interessante que seria estender a ideia do FrancoClic a outros idiomas. Trata-se de uma plataforma de ensino da língua francesa e da cultura francófona criada pelo Ministério brasileiro da Educação e a Embaixada da França no Brasil, iniciativa que considero louvável. Mas falta uma ação contundente por parte do governo quando o assunto é a língua do Brasil.

Como não quero ser injusta, pondero que a Biblioteca Nacional brasileira, a oitava do mundo em acervo, está fazendo um grande trabalho na divulgação de autores brasileiros mundo afora, com traduções para vários idiomas, especialmente inglês e espanhol. Já entrevistei um editor que lançou este ano uma Antología de Poetas Brasileños aqui em Barcelona. A Editora Kriller71, que publicou de forma independente uma coletânea de poemas do Arnaldo Antunes e outra do Paulo Leminski, como vocês podem conferir aqui, será a próxima a contar com a ajuda da Biblioteca Nacional do Brasil.

Mas quem mora fora do Brasil sabe a falta que faz o apoio governamental para o ensino da língua portuguesa aos expatriados. Quem tem presente a preocupação em perpetuar sua língua materna fora das fronteiras brasileiras depende, além da própria força de vontade, de associações privadas que pululam, timidamente, pelo mundo.

Na Espanha, por exemplo, uma das iniciativas é o projeto Brasileirinhos, que levanta a bandeira do bilinguismo e ajuda filhos de brasileiros que vivem na Catalunha a se integrarem e a conhecerem a língua.

Também em Barcelona, artistas como Anna Ly mergulharam no universo infantil para formar novos brasileirinhos do outro lado do oceano. Depois do trabalho Desenrolando a língua: as origens da língua portuguesa do Brasil, Anna agora está buscando inspirações nas lendas e mitos indígenas, projeto que em breve será alvo de outra entrevista.

Em Nova York, o Brasil em Mente também tem trabalhado para manter vivas a língua e a cultura do Brasil. O projeto nasceu quando Felicia Jennings-Winterle, fundadora da organização, percebeu que, em vez de incentivar o bilinguismo, muitas mães ou pais brasileiros estavam falando com seus filhos em inglês. Aqui temos uma entrevista sobre os feitos do Brasil em Mente em solo norte-americano.

Enquanto o governo brasileiro deixa de incentivar a língua de seus expatriados, a Suíça financia bibliotecas interculturais para estimular os imigrantes a também se alfabetizarem no idioma materno. Nesta entrevista, Marcelo Madeira, músico, compositor e escritor, nos conta como é que ensinar, na Suiça, a língua portuguesa com música e literatura.

Estas iniciativas, de associações privadas ou, neste caso específico, do governo suíço, são todas dirigidas ao universo infantil. Mas e os adultos? Recentemente, um professor brasileiro muito atuante aqui em Barcelona conseguiu, após muita insistência, realizar na capital catalã um supletivo para brasileiros que não haviam tido a oportunidade de terminar seus estudos. Ao que tudo indica, foi a primeira vez que se realizou um supletivo para adultos na Europa.

Mas ainda falta um incentivo mais robusto à língua do Brasil, bem como à sua rica e diversificada cultura, que venha pelas mãos do governo brasileiro. A Alemanha tem o instituto Goethe, a Espanha tem o Cervantes e Portugal se mostra com o instituto Camões. E onde está o nosso instituto Machado de Assis?

É imprescindível que o governo brasileiro perceba a importância de promover e propagar sua língua e cultura. O Brasil já está tateando a posição de quinta maior economia do mundo. Muitos estrangeiros estão aprendendo o português do Brasil – na Espanha em crise, este interesse é patente. Enquanto isso, muitos brasileiros residentes no exterior dissolvem a beleza da língua portuguesa em uma espécie de mosaico linguístico, muitas vezes sem consciência do atentado que cometem à gramática. Se continuar assim, não tardará para que estas variações sejam consideradas dialetos: algo que por vezes se assume como “portunhol”, outras como “portuglês”…

Espanhóis aprendem russo, chinês e português para se destacar no mercado

Em tempos de crise e de um índice de desemprego superior a 20% da população ativa, saber idiomas de economias emergentes melhora o currículo e aumenta as chances no mercado de trabalho. Chinês, russo e português são alguns dos idiomas que, de exóticos, passaram a ser vislumbrados como uma possibilidade de ascensão profissional. Nesta reportagem, falamos do desconhecimento de idiomas na Espanha, relativamente a outros países europeus, e de como a crise está mudando este panorama.

Minuto 7’47” – http://www.rtve.es/alacarta/audios/emision-en-portugues/emisso-em-portugues-10-11-11/1246412/